Policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) detiveram, nesta quarta-feira, o cantor Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam. Os agentes estavam na casa dele, no Joá, para a cumprir dois mandados de busca e apreensão. Na residência do cantor — filho Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, um dos chefes do Comando Vermelho que cumpre pena de 44 anos — foi encontrado um foragido pelo crime de organização criminosa. Esse foi o motivo de Oruam ser levado para a delegacia. Foram cumpridos também mandados em endereços da mãe do cantor, Márcia Nepomuceno.
Os mandados foram deferidos pelo juízo de Santa Isabel, em São Paulo, no âmbito de um inquérito que apurou a ocorrência de disparo de arma de fogo realizado por Oruam em 16 de dezembro do ano passado num condomínio residencial localizado em Igaratá, em SP.
O cantor foi indiciado pela prática do crime de disparo de arma de fogo, após ter colocado em risco a integridade física de diversas pessoas.
De acordo com a Polícia Civil, a busca e apreensão tem como objetivo localizar e apreender a arma usada por Oruam e também materiais que possam identificar o dono desse armamento.
Prisão na Barra
No último dia 20, Oruam foi preso na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio após dar um “cavalo-de-pau” na frente de um carro da Polícia Militar, durante uma blitz, e parar virado para a contramão. Ele ainda dirigia com a carteira de motorista suspensa e foi autuado em flagrante na 16ª DP (Barra da Tijuca). Oruam foi liberado após pagar a fiança de R$ 60.720, o equivalente a 40 salários mínimos.
Saiba quem é o rapper
Oruam, conhecido por ser a voz de diferentes hits atualmente, vem acumulando polêmicas ao longo de sua vida. Ele se tornou alvo de críticas de milhares de fãs nas redes sociais, em março da ano passado, após realizar um show no festival Loolapalooza, em São Paulo. Na ocasião, cantor subiu ao palco com uma camiseta pedindo pela liberdade da figura paterna.
À época, diante da repercussão negativa do caso, o cantor explicou que sua manifestação no festival de música era “só um desabafo de um menor que cresceu sem ter o seu pai perto”, como escreveu por meio do Instagram. “Meu pai errou, mas está pagando pelos seus erros e com sobra. Não tentem tirar de uma pessoa o direito de reivindicar condições melhores para o seu pai, e nem de quer vê-lo em liberdade”, ressaltou Oruam. A publicação, no entanto, atraiu mais e mais críticas.
Além com a relação com o pai, Oruam também é envolvido com outra grande nome do tráfico carioca: Elias Maluco, assassino do jornalista Tim Lopes. Considerado tio do músico, Elias foi homenageado pelo sobrinho com uma tatuagem na barriga.
Lei ‘Anti-Oruam’
A Câmara de Vereadores do Rio vai discutir uma versão carioca da chamada “Lei Anti-Oruam”, que proíbe que o poder público contrate shows de artistas que de alguma forma façam apologia ao uso de drogas ou ao crime organizado. A iniciativa partiu da vereadora Talita Galhardo (PSDB) com coautoria de Pedro Duarte (Novo). Com isso, pelo menos 12 capitais já contam com projetos semelhantes.
A polêmica começou em São Paulo, quando a vereadora Amanda Vettorazzo (União), coordenadora do Movimento Brasil Livre (MBL), propôs a restrição. Isso aconteceu dias depois de Amanda postar um vídeo nas redes sociais onde afirma que Oruam “abriu a porteira para que rappers e funkeiros começassem a produzir músicas endeusando criminosos e líderes de facções, usando de gírias para normalizar o mundo crime na nossa cultura”.