Empresa investigada por desvios de verbas ganha R$ 165 milhões em contratos emergenciais nas enchentes do Rio Grande do Sul
Os acordos foram feitos de forma emergencial por causa da decretação do estado de calamidade pública e a empresa que ganhou os maiores contratos foi a THV que é especializada em limpeza urbana e coleta de lixo.
A empresa fechou 11 acordos que alcançam R$ 165,2 milhões com a prefeitura de Canoas, uma das cidades mais atingidas pelas inundações, que teve bairros inteiros submersos. Os contratos foram firmados em junho, vigoram até dezembro e preveem locação de maquinário (retroescavadeira e caminhão) e a atuação de uma equipe.
Aqui na região a THV tem contratos com os municípios de Macaé, Carapebus e Quissamã, sendo que neste último em Junho de 2023, foi vazado um áudio em que o dono da empresa THV, Thiago Rezende, negociava os contratos com o Secretário de Saúde, Nilton Furinga e envolvia o nome de outras pessoas nas suas negociatas, até o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux.
Meses antes deste acontecimento, em dezembro do ano passado, a THV também foi alvo de uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que investigava os crimes de fraude em licitações, peculato, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
O esquema teria ocorrido em contratos de limpeza urbana da prefeitura de Pirassununga (SP). O prefeito da cidade e secretários municipais foram afastados do cargo, e o presidente da Câmara Municipal assumiu a gestão da cidade. Segundo apuração do MP-SP, a THV teria subornado agentes públicos do município para ser favorecida em contratos. Na época da operação, o órgão informou que parte dos repasses haviam sido feitos por meio de “triangulação financeira”, com conta bancária de parentes ou indicados pelos agentes.
O processo apura a suspeita de superfaturamento de R$ 437,9 mil na construção de calçadas.
Sócio da empresa, Thiago Narciso Rezende foi denunciado e o caso tramita no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Em maio, a 10ª Vara de Direito Criminal autorizou o compartilhamento de todas as provas, incluindo as oriundas de interceptação telefônica e telemática, com o Ministério Público Federal (MPF), para que prossiga com as investigações. Isso porque, segundo o MP-SP, houve a identificação do uso de recursos federais na licitação com suspeita de fraude que gerou a contratação da empresa THV.
A Controladoria-Geral da União e o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) criaram um grupo de trabalho para monitorar essas contratações.